domingo, 14 de novembro de 2010

Do fim

Escolheste bem. Até acho que fizeste de propósito, sabes? Escolheste o dia em que faziam meses que nós trocámos o primeiro mail mais pessoal. E utilizaste o conteúdo desse mesmo mail para a machadada final.

É justo. Da mesma forma que começou, também terminou. É justo. Já não me espanta o facto de não ligares nem atenderes as chamadas. De não responderes aos sms. Não me espanta o ignorares absolutamente tudo o que te escrevi no mail pela madrugada. Não me espanta desprezares-me como se estivessemos juntos há 1 ou 2 dias. Até já não me espanta o facto de achar, maldita intuição, que poderás estar envolvido com outra pessoa. Mas isso já sou eu a fazer filmes, não é?

Sinto-me oca. Sinto-me fraca, sem forças. Sem saber se digo mais alguma coisa ou se sufoco os meus pensamentos na almofada encharcada do meu sofrer. Preciso lamber as minhas feridas e atirar para longe esta culpa que me atormenta a cada segundo. Procuro desesperadamente o conforto de um abraço, mas todos os braços parecem-me pequenos para que me possa aninhar e sofrer sossegada esta tua ausência. Limito-me as funções básicas e o mínimo indispensável. Olho vezes sem conta para o telemóvel, para o mail, para o messenger, para tudo o que é lugar onde possas dar um sinal de vida.

Nada faz sentido quando não estás. E as memórias, essas malvadas memórias de momentos felizes que tivemos, teimam em manterem-se vivas, a latejar na minha cabeça a cada segundo.

O que é que eu faço com todas as lembranças? Os tempos que passei contigo apesar de tudo, foram os melhores da minha vida. E acho que nunca mais vou viver nada igual. Nunca mais.

Já pensei em juntar as tuas coisas que estão em minha casa e entregar-te. Mas confesso que ainda tenho esperança que afinal vejas que te faço falta. E que tudo isso não passe de uma fase má, muito má. E por isso deixo-as estar por aqui. As tuas calças penduradas, o casaco dobrado, as chaves do carro e de casa. A tua foto já não está na cabeceira. Custa-me saber que o teu sorriso já não é meu, que a tua atenção (pouca) entregas a outra. E que não deste valor a nada do que existiu.

Sinto raiva de ti ao mesmo tempo que sinto uma saudade que me rasga a alma, que estilhaça o meu coração em milhões de bocados. E se num momento acredito que talvez tenha sido melhor assim, noutro acho mesmo que nunca mais vou encontrar alguém como tu. Mas também sei que nunca mais vais encontrar alguém como eu. Podes encontrar igual, mas melhor vai ser difícil. Nenhuma outra mulher está disposta a fazer tantas cedências e a receber tão pouco.

Preciso saber de ti. Parece que não há dor maior que não saber de ti, por onde andas, a quem te dás, por onde te deixas. Mas para ti eu já não existo, faço apenas parte do passado.

Quero acreditar que o tempo vai resolver tudo e que o que dói agora daqui há uns dias, meses, anos (?) já não vai doer com tanta intensidade.

Para já resta-me o rosto inchado e vermelho, as lágrimas infindáveis que ora secam ora jorram como se fossem rios, os olhos que parecem bolas, a pele amarrotada e manchada e a saudade. Uma saudade violenta de ti.

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