Eu vivo com dois homens diferentes. Só pode.
Eu não sei se só acontece comigo. Mas a verdade é que ando a reparar mais atentamente no nosso dia-a-dia e vejo que o homem que passa o fim-de-semana comigo, que dorme abraçadinho a mim, que me enche de beijinhos e mimos ao deitar e durante a noite, que aquece o meu corpo gelado a cada vez que chego a cama, aquele que põe a mesa com pormenores delicados, escolhe a música e o vinho para o jantar, aquele que faz as viagens de carro de mão dada comigo... esse homem não existe durante as manhãs das semanas de trabalho.
É que parece que se lhe dá uma coisinha e muda completamente. Dá-me um beijo, salta da cama fora e entra em modo stress. Normalmente tem reuniões logo cedo e por isso como não é grande fã de acordar com as galinhas, tem de fazer tudo para despachar rápido. E quando digo rápido é coisa para 20 minutos no máximo. (Confesso que até fico com inveja. 20 minutos para mim não dá nem para secar o cabelo, quanto mais para arranjar-me para sair. O normal é precisar de 1h30. No mínimo)
E eu fico de um lado para o outro, a observar que fenómeno estranho é esse que se apodera dele. Ao fim dos tais 20 minutos, está prontinho para uns beijos de despedida mais melosos e só o volto a ter novamente "normal" a noite, quando voltamos a nos encontrar.
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